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Entenda a nova NDC Brasileira!
Pelas regras da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas UNFCCC, todos os 198 países membro do Acordo de Paris, têm até fevereiro de 2025 para apresentar suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). O Brasil, com o intuito de liderar pelo exemplo, foi o segundo país a apresentar suas metas de forma antecipada, divulgando sua nova proposta já em novembro de 2024 durante a COP-29.
A nova NDC apresentada pelo Brasil propõe o corte de 59% a 67% nas emissões de gases de efeito estufa até 2035, na comparação com os níveis de 2005. Como outros signatários de Paris, o Brasil se compromete a ser neutro em carbono em 2050.
A metodologia escolhida pelo Brasil para a definição da nova meta é apenas uma entre as várias aprovadas pelo IPCC, painel internacional de cientistas que subsidia tecnicamente a Convenção do Clima da ONU. Em outras palavras, não existe uma régua universalmente aceita para fazer o diagnóstico da adesão ao 1,5°C, limite estabelecido pelo Acordo de Paris.
As metas brasileiras definidas para o ano de 2035 foram criadas por meio de modelagem integrada utilizando o modelo Blues (Brazil Land-Use and Energy System model), desenvolvido por pesquisadores da COPPE/UFRJ. O BLUES consiste em um modelo de otimização de visão perfeita (“perfectforesight”), construído na plataforma MESSAGE (Model for Energy Supply Strategy Alternatives and their General Environmental Impacts). Como resultado, foram construídas trajetórias de emissões futuras para alcançar as metas climáticas nacionais com maior custo-efetividade para a economia como um todo.
Porém, segundo o Observatório do Clima a meta nacional deveria ser um máximo de 375 milhões de toneladas em 2035, ou seja, bem mais rigorosa. E segundo o Consórcio de Cientistas Independentes do Climate Action Tracker o limite poderia ser de 368 milhões de toneladas, resultado parecido com o apresentado pelo OC. Ambos utilizaram uma abordagem conhecida como “participação justa” dos países signatários de Paris para a estimativa. Ou seja, são premissas e modelagens diferentes das utilizadas pelo Brasil para definição de sua nova meta, logo apresentaram resultados diferentes.
Segundo o Reset (2024), a ONU divulgou uma síntese em 2023 contabilizando os planos apresentados por 195 países da Convenção do Clima, que juntos representam 94,9% de todas as emissões mundiais. O resultado foi que caso todas as metas sejam efetivamente implementadas em sua totalidade, a redução do carbono na atmosfera em 2030 seria da ordem de 5,3 % somente. A ciência diz que, para manter o aumento da temperatura em 1,5°C, o corte deveria ser de 43% até o fim desta década.
Ou seja, estamos vivendo uma emergência climática e a hora de agir é agora! Já se perguntou o que você e sua empresa podem fazer para efetivamente ajudar a reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa e, com isso, reduzir a recorrência de eventos climáticos extremos?
Juliana de Moraes Ferreira é Sócia Fundadora da Sinergia Engenharia de Meio Ambiente e CEO da ingee inovação sustentável