out
Resíduo de gesso, o que pode ser feito?

A matéria-prima para a fabricação do gesso é o minério chamado gipsita. O Brasil possui a maior reserva mundial desse minério e possui um diferencial pela pureza desse material de 98%. As reservas de gipsita se concentram na região nordeste, mais precisamente no estado de Pernambuco, que fornece mais de 90% de todo o gesso produzido no país.
Devido as suas características e propriedades, o gesso possui diversas aplicabilidades na construção civil como: revestimentos de paredes e tetos, decoração de interiores, forro para paredes de fechamento em gesso acartonado, placas para rebaixamento de teto, painéis para divisórias, entre outros.
Até 2011, o gesso era classificado com resíduos classe “C” pela Resolução CONAMA nº 307 de 2002, classe de resíduos para os quais não estariam disponíveis tecnologias economicamente viáveis para sua reciclagem e recuperação. Em 2011 foi divulgado uma nova Resolução, a CONAMA 431, com um novo texto em que as sobras de gesso passaram a ser consideradas recicláveis e portanto, reclassificadas como classe “B”.
Um estudo feito pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, mostra que o resíduos de gesso pode ser reciclado inúmeras vezes sem perder suas características, essa reciclagem é feita em duas etapas a moagem e calcinação e após essas etapas ele pode voltar ao processo produtivo novamente. Quando o material é submetido somente à moagem, ele pode ser utilizado como fertilizante e destinado pra a agricultura, onde é utilizado como corretivo da acidez do solo ou até mesmo como um adicional do cimento no qual tem a função de tornar a mais lenta a secagem do mesmo.
Em Colombo, região metropolitana de Curitiba tem uma empresa que processa o material até que vire pó e encaminhado à agricultura e à indústria de cimento porém ainda falta uma conscientização por parte da construtora em separar corretamente esses resíduos. Quando o material é misturado a outros rejeitos da obra, fica inviabilizada a reciclagem e o material acaba indo para o aterro.
A disposição incorreta dos resíduos de gesso pode acarretar passivos ambientais. A reinserção do gesso no ciclo industrial além de ser uma destinação adequada pode diminuir despesas com a logística entre jazidas do estado do Pernambuco até o Paraná.
Maíra Caires Aquino é Engenheira Ambiental e Especialista em Construções Sustentáveis.