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Situação atual da crise da água em São Paulo

Introdução
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com 39 municípios e quase 20 milhões de habitantes, é a maior cidade do Brasil e da América do Sul. Dos 39 municípios, 31 pertencem ao Sistema Integrado de Abastecimento de Água, operado pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (SABESP).
A RMSP localiza-se numa região de baixa disponibilidade hídrica que exige importar água de bacias hidrográficas adjacentes. Quase a totalidade das demandas atuais de abastecimento de água é atendida pelo Sistema Integrado da SABESP, com oito sistemas produtores de água para as varias partes do território da RMSP. Desses oito sistemas produtores, o Sistema Cantareira é o maior e o mais importante, sendo responsável pelo abastecimento de mais de nove milhões de habitantes.
1. Situação atual das reservas hídricas
O Sistema Cantareira é responsável pelo abastecimento de quase metade da população da RMSP, nas zonas Norte, Central, partes das Zonas Leste e Oeste de Barueri a Guarulhos. As seis represas que o compõem estão interligadas em diferentes níveis por 48 quilômetros de túneis com o objetivo de aproveitar os desníveis e a acumulação da água por gravidade, com cerca de 1 165 trilhões de litros de capacidade total e 30 mil litros por segundo de capacidade nominal.
Todo o Sistema Cantareira e a quantidade de água disponibilizada para os moradores dependem das chuvas do verão. O ultimo verão foi um dos mais secos e quentes da historia e a situação permaneceu nos meses seguintes, quando há naturalmente menos chuvas na região. Entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, choveu em média 77,7 milímetros (mm) de água, a média histórica sendo de 214,3 mm. Isso quer dizer que no intervalo do ano mais úmido da região, só choveu 36,3 % do esperado.
Com pouca chuva e um maior consumo devido ao calor, os rios e represas do Sistema Cantareira caíram ao menor nível já registrado desde 1930. Em Agosto de 2013, o Sistema Cantareira estava a 53,2 % da capacidade total de armazenamento de água. Ultimamente, no dia 19 de outubro de 2014, o sistema baixou para o menor nível de sua historia, chegando a 3,6 % da capacidade total.
2. Causas e conseqüências da crise
A falta de água na RMSP tem causas conjunturais e estruturais. Em termos conjunturais, vimos que é devida a um verão muito seco. Em termos estruturais, a falta de investimentos nos equipamentos existentes e as várias decisões políticas que não sempre privilegiaram o meio ambiente perante períodos de eleições acabaram por deixar o Sistema Cantareira abaixo das capacidades necessárias ao crescimento econômico e populacional da RMSP nas ultimas décadas.
Mais da metade dos moradores da RMSP ficou sem água em casa em algum momento do ultimo mês, dificultando as atividades domésticas e comerciais.
Alguns números:
• 60 % dos paulistanos disseram ter ficado sem água pelo menos um dia nos últimos 30 dias,
• 38 % dos moradores sofreram com a torneira seca ao menos cinco dias no mesmo período,
• 56 % notaram que o corte de água aconteceu à noite e 40 % disseram que foi de dia.
Perante essa situação, foi decidida a captação do volumo de reserva (o volumo morto) do Sistema Cantareira para poder abastecer algumas partes da região. A captação desse volume morto gera vários problemas na utilização da água. Sendo um volume de reserva abaixo do nível de captação normal, os resíduos e os poluentes presentes na água armazenada caiem naturalmente por gravidade no fundo das represas. A água pode assim ficar imprópria para o consumo, especialmente para pessoas frágeis tais como crianças e pessoas idosas.
3. Soluções e medidas que todo mundo pode aplicar para melhorar a situação
Para evitar medidas radicais tomadas pela administração, como os racionamentos e o sistema de rodízio para utilização da água, é muito importante que cada um seja um morador responsável. A informação sobre medidas permitindo economias de água tem que ajudar os moradores a preservar as nossas reservas hídricas, o meio ambiente, e também realizar economias no fim do mês.
Existem milhares de jeitos de economizar água e cada um pode achar jeitos de economizar água.
Aqui seguem alguns exemplos:
• Equipar as bicas das torneiras de limitadores de fluxo para poupar água quando se lava louça, roupa, etc,
• Usar de maneira racional a água durante o banho, quando se lavar as mãos o se escovar os dentes. Isso quer dizer manter a torneira fechada quando estiver se ensaboando, por exemplo,
• Usar a maquina de lavar roupas na capacidade máxima,
• Captar a água da chuva, por exemplo no telhado da casa,
• Usar banheiros ecológicos secos para economizar a água das descargas dos vasos sanitarios clássicos, grandes consumidores de água,
• Evitar lavar carros, quintais, quando a água esta faltando,
• Verificar a instalação tubular para detectar vazamentos que podem aumentar o consumo de maneira considerável.
• Uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros/minuto. Pingando, 46 litros/dia. Isto significa 1 380 litros por mês. Pense em bem fechar as torneiras.
Desse jeito, cada um pode, no dia a dia, participar desse grande desafio que é a preservação da nossa água, indispensável a nossa vida. Entre no combate e não deixe a fatalidade guiar seus atos!
Bibliografia
http://site.sabesp.com.br/
http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/sistema-cantareira/
http://exame.abril.com.br/brasil/album-de-fotos/os-grandes-numeros-da-falta-de-agua-em-sao-paulo#4
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2014/06/crise-da-agua-em-sao-paulo-quanto-falta-para-bo-desastreb.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Cantareira
Ludovic Freire Domingues é Engenheiro em Sistemas Urbanos e Ambientais, formado na Universidade de Tecnologia de Compiègne na França e na PUC-PR de Curitiba.
Atualmente, está procurando novas oportunidades de trabalho no Brasil.
Contato para mais informações: ludovic.domingues@gmail.com